APLICAÇÃO DE ÁCIDO HIALURÔNICO EM PACIENTES COM OSTEOARTRITE DE JOELHO E SOBREPESO

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A osteoartrite do joelho (OAJ) afeta cerca de 24% da população adulta.

O sobrepeso, não só por um fator biomecânico, mas também por adipocitocinas produzidas tanto no nível do tecido adiposo visceral como pela bursa infrapatelar, desempenha um papel importante no desenvolvimento e na progressão da OAJ.*

A obesidade, e mais precisamente a obesidade central, não é apenas um distúrbio metabólico e um fator de risco cardiovascular, mas também um fator de risco em relação à OAJ, uma vez que as adipocinas ficam acentuadamente desreguladas nesta patologia.

A leptina, considerada um hormônio, também funciona como citocina; possui atividade pró-inflamatória e induz a produção de IL-1D, MMP-9 e MMP-13, que contribuem para a degradação da cartilagem articular. Também desempenha um papel na indução de óxido nítrico, PGE-2, IL-6 e IL-8, e participa da gênese de osteófitos. A resistina e a visfatina, entre outras citocinas, têm ação pró-inflamatória semelhante.

Por outro lado, a adipocina poderia atuar inibindo a resposta pró-inflamatória, impedindo a ativação do NF-kD e a geração de radicais superóxidos. Em relação ao tratamento farmacológico, analgésicos como paracetamol, AINEs, SySADOA e viscossuplementação com Ácido Hialurônico (AH) são os agentes terapêuticos mais utilizados. Para injeção intra-articular (IA) de corticoide e AH, as duas técnicas mais utilizadas são: aplicação por via superolateral e via anterolateral. A primeira, com a perna em extensão, é a mais utilizada, enquanto a segunda, com o joelho em flexão de 90º, permite que o paciente permaneça sentado; ambas são bem toleradas.

Alessandro et al se propuseram a avaliar a dor relacionada à injeção por meio da escala visual analógica (EVA) e da adequação dessas duas vias de administração de AH IA em pacientes com sobrepeso atendidos na Unidade de Injeção Intra-articular do Serviço de Reumatologia do Departamento de Medicina, Cirurgia e Neurociências da Universidade de Siena, Itália. Foram avaliados 126 joelhos de 86 pacientes com OAJ. Os critérios de inclusão foram: índice de massa corporal (IMC) ≥25, ausência de derrame e coagulopatia.

A avaliação da dor durante a injeção IA de AH foi estabelecida com EVA, enquanto a adequação do procedimento foi determinada com ultrassom. Para todas as injeções, foram utilizadas agulhas de calibre 21 e aplicado AH de peso molecular intermediário.

O acesso anterolateral (Grupo 1 – G1-) (55 joelhos) foi realizado com o paciente na posição sentada e o joelho flexionado a 90˚, a 1 cm proximal à linha articular, lateral ao tendão patelar, direcionando a agulha para a fossa intercondilar. A abordagem superolateral (Grupo 2 – G2-) (71 joelhos) foi realizada com o paciente em decúbito dorsal e joelho estendido. A agulha foi inserida 1 cm acima e 1 cm lateral à margem superolateral da patela, em um ângulo de 90° em relação ao côndilo femoral. Ambas as técnicas foram realizadas sem auxílio de ultrassom e pelo mesmo médico treinado.

Resultados

A média de idade dos pacientes foi de 69,9 ± 9,01 anos.

A EVA para G1 foi de 1,71 ± 1,89; para G2 foi de 1,74 ± 1,31.

O IMC médio foi de 29,69±2,86; para G1 foi de 28,29±3,29; e para G2 foi de 30,32±2,41. Nenhum evento adverso ocorreu em nenhum dos grupos de estudo.

A taxa de precisão do procedimento foi de 69,1% para G1 (38/55 joelhos) e 95,7% para G2 (68/71 joelhos).

Não foi observada diferença significativa na EVA da dor entre G1 e G2 (p=0,45).

Foi encontrada correlação significativa entre o IMC e a escala EVA no acesso anterolateral (G1) (r=0,51; p<0,005).

Não foi registrada correlação entre idade e escala de dor EVA no acesso anterolateral (G1).

Para o acesso superolateral (G2), não foi encontrada correlação para idade ou IMC na escala EVA de dor.

Em síntese:

Não foram encontradas diferenças na dor relacionada à injeção de IA AH entre as abordagens anterolateral e superolateral do joelho em pacientes com sobrepeso.

O aumento do IMC aparece como preditor de dor no acesso anterolateral.

Lee et al1 descobriram, por outro lado, que a abordagem anterolateral é menos dolorosa que a abordagem superolateral. A diferença no caso deste estudo pode ser devido ao uso de uma agulha mais fina (calibre 21). A experiência do operador e o grau de inflamação da articulação também devem ser levados em consideração.

A taxa de precisão da injeção IA foi maior com acesso superolateral (95,7% vs. 69,1%).

1. Lee SY, Gn KK, Chung BJ, et al. Anterolateral portal is less painful than superolateral portal in knee intra-articular injection. Knee Surg Relat Res.
2015;27:228–232. doi: 10.5792/ksrr.2015.27.4.228.

Fonte: Difference in pain and accurancy of two hyaluronic acid injection techniques for symptomatic knee osteoarthritis in
overweight patients
D Alessandro R; Falsetti P; Conticini E et al.
Reumatologia.59. 1:23-26.2021.

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